Inovação na Advocacia: Um Caminho Sem Fim
A Tecnologia como Aliada da Excelência Jurídica
Nos últimos anos, a tecnologia tem se tornado indispensável para o setor jurídico. Não faz muito tempo que a presença de um gestor de operações em departamentos jurídicos era uma raridade, especialmente no Brasil. Hoje, a inovação é uma peça central na busca pela excelência na advocacia.
Transformações no Mundo Jurídico
Quando a internet ainda era uma novidade, o papel do advogado era bem diferente. Antigamente, os grandes líderes jurídicos eram vistos como consultores quase “oraculares”, oferecendo soluções customizadas para seus clientes. Com o passar do tempo, o cenário mudou: agora, vivemos cercados por métricas como SLA e KPI, que medem a produtividade e eficiência do trabalho.
Essa evolução levanta uma questão: será que ainda estamos realmente pensando ou estamos apenas agindo de forma automática?
O Impacto da Tecnologia no Direito
Para o filósofo Byung-Chul Han, a sociedade atual é marcada pelo cansaço. Por outro lado, Domenico de Masi destaca a importância do ócio criativo. É aí que a tecnologia entra em cena, permitindo aos advogados focarem no que realmente importa: o pensamento crítico e a criatividade.
Inovação Jurídica na Prática
Hoje, todo departamento jurídico bem estruturado entende a necessidade de inovar. Entretanto, essa jornada requer cuidados. Ao longo dos anos, aprendi valiosas lições que podem guiar o processo de adoção de novas tecnologias no setor jurídico.
A Solução Deve Ser do Cliente
No passado, era comum que departamentos jurídicos desenvolvessem soluções internamente. Um exemplo foi a criação de uma ferramenta para gestão contratual, que deveria facilitar a priorização e melhorar a comunicação com o cliente. O objetivo era claro: otimizar processos e reduzir custos.
No entanto, a reação dos clientes foi negativa. Eles interpretaram a iniciativa como uma transferência de responsabilidade. A lição aprendida foi simples: a solução deve atender às necessidades do cliente, não apenas do jurídico. É essencial ouvir o cliente e alinhar expectativas desde o início.
A Inovação Não Tem Heróis Solitários
Como já defendido por Rutger Bregman, a inovação é um processo social. Ninguém inova sozinho. É fundamental criar uma cultura de colaboração dentro do departamento jurídico. Essa mudança é mais fácil em empresas de tecnologia, mas também é possível em empresas tradicionais.
Em nossa jornada, adotamos metodologias ágeis e uma cultura de liderança situacional. Com essas mudanças, fomos capazes de implementar soluções que não só melhoram a governança interna, mas também apoiam os clientes em tarefas não jurídicas.
Um exemplo disso é a adoção de Contract Lifecycle Management (CLM), uma ferramenta que permite aos clientes usarem minutas automatizadas, agilizando negociações e a gestão de contratos. Quem ainda não adotou essa tecnologia está perdendo tempo.
Não Inove por Inovar: A Importância de Um Plano Estratégico
A inovação sem um propósito claro pode ser uma armadilha. Uri Levine, cofundador do Waze, nos ensina que devemos nos apaixonar pelo problema, não pela solução. Identificar a dor do cliente é o primeiro passo para desenvolver uma estratégia sólida de inovação.
Exemplos de Soluções Práticas
Um exemplo simples de inovação foi a criação de um QR Code nas defesas trabalhistas, que direciona as partes para uma plataforma de acordos, facilitando negociações. Outro exemplo é a inserção de uma condição resolutiva em procurações, que pode ser verificada online antes de ser aceita, resolvendo problemas de revogação.
Essas pequenas mudanças são chamadas de quick wins e motivam a continuidade do processo de inovação. O segredo está em cocriação, envolvendo stakeholders-chave e garantindo que a inovação seja uma resposta direta às dores do cliente.
Inteligência Artificial para Advogados
A Inovação Jurídica É Contínua
A corrida pela inovação no setor jurídico não tem fim – e isso é algo positivo. A capacidade de fazer mais com menos sempre será uma demanda crescente. O importante é não se frustrar com a obsolescência de soluções, mas focar em tecnologias flexíveis que permitam substituições e integrações contínuas.
Por fim, mantenha-se atento a novas oportunidades e nunca deixe de medir o sucesso das implementações. Afinal, a inovação só é válida quando traz resultados tangíveis e melhora a experiência do cliente.
Fonte: JOTA | Carlos Eduardo Carneiro Saba – Diretor Jurídico e de Relações Institucionais da Louis Dreyfus Company, região North Latam (Brasil)
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